Nos últimos anos o empreendedorismo registou um crescimento considerável, mas, nem tudo foi “um mar de rosas”, pois, foram muitos novos empreendedores que começaram e não conseguiram continuar, desistindo nos dois primeiros anos de actividade, segundo afirma Camila Silveira, diretora da Câmara de comércio Angola Brasil.
Em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSOFONA, a também empresária e empreendedora, fala das estratégias que devem ser levadas em conta para que empreendedores consigam resistir as vicissitudes do mercado em que estão inseridos e não desistam nos dois primeiros anos, conforme tem acontecido nos últimos anos.
Camila começa por destacar que com a insegurança dos mercados e mudança da estabilidade empregatícia, devido a invasão tecnológica e outros tantos factores “o mercado empreendedor segue em pleno crescimento, mas por outro lado, as estatísticas de insucesso neste caminho continua sendo de uma entre quatro empresas que abandonam o seu sonho nos primeiros dois anos de actividade”.
A empresária sustenta que “a carência de um direcionamento real e discernimento do que é sério e qualificável para um crescimento torna-se cada vez mais escassa, até por não saber definir onde realmente buscar este caminho sendo invadido por muitas informações e, muitas vezes, pouco conhecimento técnico”.
Com com negócios em países africano, camila Silveira refere que nem sempre o caminho para trilhar um negócio deve ser o dinheiro em primeiro lugar. “No início de um caminho empreendedor, muitas vezes não temos nenhum dinheiro para investir e, por este motivo, a riqueza que se pode contar é a estratégia de um bom plano, uma ideia que vale mais que dinheiro e possa ser executada sem este recurso”, defende.
Atenta ao percurso de muitos jovens empreendedores e não só e com interesse de não ver novos negócios morrerem tão logo nascem, aponta a necessidade de, em primeiro lugar, os empreendedores defenderem a sua unicidade e executa-la como a identidade dos valores do seu negócio a ser desenvolvido.
Segundo, tem de ter em vista identificar o que realmente gosta de fazer, ou seja “faça o que realmente consegue fazer muito bem”, dentro das necessidades do mercado que pode ser transformado em rentabilidade financeira, para superar o investimento financeiro. “Entenda que quanto menos for a necessidade de envolver dinheiro inicialmente, mais promissor será seu negocio e para isto conte com parcerias, identifique quem são os parceiros que pode trazer para o seu início, que podem agregar valor maior que o dinheiro que ilusoriamente necessita para começar”, sugere.
Camila explica que boas parcerias podem gerar produtos para revender ou formas de prestar serviços que tenha qualificação adequada e possam causar diferença em outras empresas ou pessoas.
Em terceiro lugar, a empresária defende a necessidade de o empreendedor conhecer o seu mercado e analisar a necessidade e competitividade, que também são pontos que não podem ser ignorados neste plano, olhando claramente dentro da sua identidade qual a de inovação que irá desenvolver.
Destaca como quarta acção o comportamento de gestão do seu próprio negócio. “Ter uma organização plena e o comprometimento de enxergar constantemente gastos e rendimentos, independente do tamanho inicial, fará toda a diferença durante o processo de crescimento, ou seja, comece pequeno, mas comporte-se do tamanho que deseja que a sua empresa atinja, obedecendo os processos de planilhas e clareza de rendimentos desde o primeiro cliente”, esclarece.
Por último, Camila aconselha que se deve manter sempre motivado, “entendendo que o sucesso dura apenas 24 horas e se ontem o seu resultado foi positivo, hoje deve ser maior e não ser paralisado pelo êxtase do resultado anterior, causando uma perca de tempo para novas actividades e freando o ritmo de desempenho total de utilizar todos os recursos possíveis e disponíveis para manter a velocidade”, sendo que para isto é importante também a utilização de todos os meios digitais gratuitos, ou não, que farão total diferença.
Camila Silveira lidera também o grupo empresarial Terra Brasil, que disponibiliza para os mercados em que se encontra inserido serviços na área da restauração, agricultura, construção civil, equipamentos para produção e exploração na agricultura, padarias e materiais gráficos, com um volume de negócios médio anual de 264 milhões de kwanzas (cerca de 475,1 mil dólares) entre Angola e Brasil, 110 mil dólares entre Angola e Moçambique e 13 mil dólares de volume de negócios em um mês com a Guiné Bissau.